CAMPONESES BEIRADEIROS E A PESCA ARTESANAL NO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA BELO MONTE, NO RIO XINGU (PA)

  • José Antônio Magalhães Marinho Universidade Federal do Pará - UFPA https://orcid.org/0000-0001-9870-6930
  • Márcia Pires Saraiva Universidade Federal do Pará - UFPA
  • Josefa de Oliveira Câmara da Silva Universidade Federal do Pará - UFPA
Palavras-chave: Campesinato;, Pesca;, Médio Xingu;, Hidrelétrica; Amazônia;

Resumo

Neste estudo, busca-se refletir sobre alguns desafios enfrentados por camponeses beiradeiros para praticarem a pesca na área atingida pela maior hidrelétrica eminentemente brasileira, a hidrelétrica Belo Monte, no médio rio Xingu, Pará. A partir de informações obtidas por meio de pesquisa qualitativa, evidenciam-se a importância histórica da pesca no processo de reprodução social do campesinato beiradeiro, bem como as dificuldades enfrentadas pelo grupo camponês para desenvolver a pesca em face de um rio moldado para atender o mercado de energia elétrica. Mesmo diante das adversidades, indica-se ao final do estudo, que a pesca continua sendo praticada pelos camponeses, que lutam pelo retorno ao rio e não obedecem, por vezes, as normas estabelecidas pela empresa concessionária de Belo Monte.   

Biografia do Autor

José Antônio Magalhães Marinho, Universidade Federal do Pará - UFPA

Possui graduação (Licenciatura e Bacharelado) em Geografia pela Universidade Federal do Pará (2002), mestrado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pela Universidade Federal do Pará (2005) e doutorado em Ciências (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (2019). Atualmente é professor de ensino superior na Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, onde atua na Faculdade de Geografia, com experiência na área de Geografia Humana, principalmente em temas relacionados à questão agrária.

Márcia Pires Saraiva, Universidade Federal do Pará - UFPA

Possui graduação em História pela Universidade Federal do Pará (2000) e Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos Amazonicos NAEA- UFPA. Exerceu cargo técnico no Arquivo Público do Pará - SECULT/PA, no qual atuou na área de pesquisa e documentação nesta instituição. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Indígena na Amazônia, atuando na temática da Educação e diversidade, relações interétnicas, movimentos étnicos, a problemática da identidade indígena na contemporaneidade, índios e grandes empreendimentos principalmente no contexto da UHE Belo Monte e Desenvolvimento e meio ambiente. Estudou os Índios Juruna do médio Xingu, objeto de estudo de sua dissertação, que foi premiada e agraciada com a publicação em formato livro. Possui artigos publicados: Sob o Signo da Identidade os índios Juruna da Terra indígena Paquiçamba e a ameaça da UHE Belo Monte pelo papers do NAEA, 2005 e As mulheres Juruna no movimento indigena em Altamira no Para pela revista interdisciplinar Margens, 2006 e Os Juruna Citadinos: História, memória e identidade em Altamira no Pará pelo Centro de Pesquisa e Extensão CEPE/UFPA, 2007 e capitulos de livros. Atualmente é Docente na Universidade Federal do Pará - UFPA campus de Altamira e coordena projetos de pesquisa e extensão voltados para a temática indígena da região e coordena o Grupo de estudo História, Índios e Desenvolvimento- GEHIND.

Josefa de Oliveira Câmara da Silva, Universidade Federal do Pará - UFPA

Estudante do Curso de Licenciatura em Geografia, na Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira. 

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Publicado
2021-12-02
Como Citar
Magalhães Marinho, J. A., Pires Saraiva, M., & de Oliveira Câmara da Silva, J. (2021). CAMPONESES BEIRADEIROS E A PESCA ARTESANAL NO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA BELO MONTE, NO RIO XINGU (PA). Mares: Revista De Geografia E Etnociências, 3(1), 29-41. Recuperado de http://revistamares.com.br/index.php/files/article/view/105