O mar para os(as) pescadores(as) brasileiros tem muitos significados. Pode significar o oceano, as águas profundas, onde de embarcações simples ou com tecnologias mais robustas os(as) pescadores(as) buscam o pescado. Pode significar o local de trabalho, mesmo sendo rio, igarapé, lagoa, laguna – ir para o mar traz o sentido de ir pescar -. Os mares, também são repletos de representações atribuídas pelas comunidades, que incidem em relações de pertencimento, e de respeito. Quando acentuado, mares se tornam marés, que no Brasil têm diversas dinâmicas, que regulam a vida, tanto ao longo do ano, quando no cotidiano. A maré expõe o manguezal, local de pesca das(os) marisqueiras(os). Esses mares(és) de pesca estão associados a conhecimentos herdados, transmitidos e reelaborados, que tem permitido o uso de técnicas que garantem a permanência dos recursos e reprodução social das comunidades pescadoras. Os mares são disputados, são ZEE, são águas territoriais, são APP, são UCs, e são considerados fontes de recurso (além do pescado) para outras atividades econômicas. Os povos dos mares, oceanos, rios, igarapés, lagos, lagunas, mangues, etc. estabelecem seus territórios. Esses sujeitos, povos, grupos, comunidades, populações, movimentos sociais, estão em permanente luta para a manutenção da pesca brasileira. Para evidenciar essa discussão, e outras, a Rede de Geografias da Pesca propôs a MARES: revista de geografia e etnociências. Essa revista foi construída a partir da demanda dos Geógrafos que discutem a pesca artesanal em suas pesquisas (urbana, agrária, regional, geomorfologia marinha, hidrologia, política e geopolítica, epistemologia, teoria e método, etc.) e abre-se para ciências afins, que consideram a pesca artesanal em sua dimensão social, cultural, econômica, política e ambiental. Diante disso, no próprio conselho intercientífico encontram-se antropólogos(as), sociólogos(as), historiadores(as), economistas, ecólogos(as), biólogos(as), oceanógrafos(as) entre outras áreas das ciências humanas, e das etnociências. Também pretende abrir-se ao interconhecimento, aos diálogos de saberes, aceitando a publicação de artigos intercientíficos e cartografia social.