QUANDO O QUILOMBO É RIO

TERRITORIALIDADES DA PESCA ENTRE QUILOMBOLAS RIBEIRINHOS NO BAIXO TOCANTINS (PA)

Palavras-chave: Baixo Tocantins. Quilombo. Territorialidades da pesca.

Resumo

Propomos uma análise geográfica capaz de pensar a relação entre rio, pesca e pescador no Baixo Tocantins, contudo é a condição espacial experenciada pelo quilombola ribeirinho que nos interessa entender. Procuramos nas tramas espaciais compreender as territorialidades que despontam nesses sujeitos, territorialidades da pesca, onde o rio assume a função pedagógica de forjar o pescador em um processo dialógico no qual o espaço é produto e produtor, palco e condicionante da existência. Para tanto, usamos as lentes dadas pela comunidade de Araquembaua em Baião- PA, por entender que as experiências territoriais dessa comunidade são compartilhadas por outras revelando traços do processo de formação territorial da Amazônia e, ao mesmo tempo, evidenciando uma profunda interlocução entre os que margeiam o Tocantins. O estudo foi realizado entre os anos de 2015 a 2017. Os dados primários foram construídos a partir da pesquisa de campo e os secundários derivam de revisão bibliográfica. As conclusões indicam que, ainda que, enfrentando cotidianamente constantes desafios, os quilombolas ribeirinhos de Araquembaua desenvolveram/desenvolvem estratégias de resistência territorial para garantir a existência.

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Publicado
2019-10-06
Como Citar
de Oliveira Lopes, C. J. (2019). QUANDO O QUILOMBO É RIO. Mares: Revista De Geografia E Etnociências, 1(1), 73-84. Recuperado de https://revistamares.com.br/index.php/files/article/view/21